Electrão alerta para o “lixo invisível” na Semana Europeia da Prevenção de Resíduos
O Electrão – Associação de Gestão de Resíduos – vai promover uma campanha de sensibilização e comunicação com o objectivo de alertar para a necessidade de combater o “lixo invisível”.
Esta iniciativa insere-se no âmbito da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que decorre de 21 a 29 de Novembro, e que em 2020 tem como foco esta temática.
A campanha a propósito do “lixo invisível” irá desenvolver-se nas redes sociais. O Electrão vai lançar um conjunto de inquéritos no Facebook e Instagram sobre reutilização. O objectivo desta iniciativa será auscultar os seguidores do Electrão sobre a importância que é dada à reutilização em detrimento de outras soluções, como o encaminhamento para reciclagem. As perguntas incidirão sobre embalagens, pilhas e baterias e ainda equipamentos eléctricos usados. Os resultados serão depois divulgados.
Alguns exemplos de como ser mais sustentável, promovendo a redução da produção de resíduos, vão ser explicados em vídeo por um grupo de influencers que se aliaram a esta campanha do Electrão. Nas ‘stories’, que irão gravar, mostrarão como é possível fazer mais e melhor. Esta será outra componente da campanha.
Durante a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos o Electrão vai ainda reforçar a aposta na sensibilização online com a publicação de vários posts alertando para esta temática com recurso a provérbios populares, imagens inspiracionais, factos e estatísticas apelando à consciência do consumidor na hora de adquirir produtos.
Estes resíduos, que são diariamente produzidos na casa dos portugueses, não têm necessariamente que ser descartados. É possível optar pela reparação de um computador, por exemplo, em vez de o encaminhar imediatamente para reciclagem, ou doá-lo, para que sirva a outra pessoa. As pilhas recarregáveis podem evitar também a produção de resíduos. Também vários tipos de embalagens podem ser reaproveitadas recorrendo à imaginação. Com estes gestos reduzimos o consumo e a produção dos resíduos associados à sua produção.
PRODUÇÃO DE RESÍDUOS CONTINUA A CRESCER
Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de 2019, a produção total de resíduos urbanos em Portugal continental atingiu os 4,94 milhões de toneladas em 2018. Este valor representa um aumento de 4,2 por cento face a 2017, o que corresponde a uma capitação anual de 505 quilos por habitante/ ano.
Cada habitante produziu diariamente 1,38 quilos de resíduos. Estes valores confirmam a tendência de crescimento da produção de resíduos urbanos que se verifica desde 2014. Mais de metade destes resíduos é depositada em aterro.
Este aumento estará relacionado com uma melhoria da situação económica de Portugal, o que parece indicar não estar a ser atingido o objectivo de dissociar a produção de resíduos do crescimento económico”, de acordo com a análise da Agência Portuguesa do Ambiente.
FABRICO DE UM TELEMÓVEL GERA 86 KG DE “LIXO INVISÍVEL”
O fabrico de um telemóvel de 200 gramas, por exemplo, gera 86 quilos de resíduos. É urgente que estes resíduos associados ao fabrico dos vários produtos que tornem visíveis de forma a que cada um fique consciente da verdadeira pegada ecológica associada e tome decisões informadas na hora de consumir.
A evolução deste fluxo específico de resíduos é preocupante. Em 2019 foram geradas em todo o mundo 53,6 milhões de toneladas de equipamentos eléctricos usados, o equivalente a 7,3 quilos per capita. Em 2030 prevê-se que este valor seja de 74,7 milhões de toneladas, ou seja, nove quilos per capita, segundo o relatório “The Global E-waste Monitor 2020”.
Reciclam-se mais equipamentos eléctricos usados, mas cada vez também se consomem cada vez mais estes aparelhos.
Desde 2014 que a produção de resíduos de equipamentos eléctricos cresce em todas as categorias, com excepção de ecrãs e monitores, que registou um decréscimo de um por cento. No entanto esta variação poderá estar relacionada com o peso mais reduzido dos ecrãs dos aparelhos ainda que o número de peças continue a aumentar.
Em Portugal os equipamentos eléctricos usados gerados ascendem a 16,6 quilos per capita.