Movimento Faz pelo Planeta já tem mais de seis dezenas de candidatos a campeões da mudança

O “Movimento Faz pelo Planeta”, uma campanha lançada em Maio pelo Electrão, que pretende trazer para a ribalta activistas anónimos, conta já com mais de seis dezenas de candidatos a campeões da mudança, também designados de big changers.  

“Esta é a prova de que existem muitas pessoas e projectos, espalhados um pouco por todo o país, que contribuem para que tenhamos mundo melhor”, sublinhou o Director-Geral Adjunto do Electrão, Ricardo Furtado, no último dos seis debates realizados no âmbito da campanha, que decorreu na manhã desta quinta-feira. Os debates, transmitidos em directo, podem ser revisitados no canal YouTube do Electrão. 

As nomeações para o movimento ainda podem ser feitas na página oficial Movimento Faz Pelo Planeta By Electrão, onde está disponível o regulamento, o vídeo manifesto e toda a informação sobre a iniciativa que conta com o envolvimento de vários parceiros.   

Para inspirar a participação de muitos ambientalistas que ainda se encontram na sombra, o movimento envolveu na iniciativa alguns dos influenciadores mais conhecidos nestas áreas: Ana Milhazes (Lixo Zero), Anna Masiello (Hero to Zero), Catarina e Rita Leitão (Zero Plástico), Catarina Matos (Mind the Trash), Gonçalo de Carvalho (SCIAENA), Inês Soares (Nononovo), Joana Tadeu e Raquel Gaspar (Ocean Alive).  

A IMPORTÂNCIA DE REUTILIZAR E RECONDICIONAR  

O conjunto de seis conferências realizadas no âmbito da iniciativa permitiu abordar uma multiplicidade de temas. A primeira foi dedicada ao “Desenvolvimento Sustentável no Pós-Pandemia”. Seguiu-se uma reflexão sobre “O desafio da descarbonização da Economia”. A “Economia circular e Bioeconomia” também estiveram no centro do debate, tal como as “Metas de Reciclagem para 2025”. O ciclo de debates fechou esta quinta-feira com uma conversa, morada pela directora do Dinheiro Vivo, Joana Petiz, sobre como “Reutilizar e Recondicionar”.  

A reutilização deveria ser a grande prioridade em relação a muitos objectos. Esta estratégia permitiria que alguns equipamentos, nomeadamente eléctricos, permanecessem mais tempo em funcionamento evitando a extracção de mais recursos naturais. 

“A reciclagem tem assumido um papel de destaque, com todo o mérito, mas a realidade é que mesmo as unidades de reciclagem de resíduos têm algumas emissões associadas e, por isso, também têm pegada ambiental”, reconhece Ricardo Furtado sublinhando a necessidade de superar o consumismo e alterar a lógica de consumo optando por mais equipamentos recondicionados. 

O Director-Geral adjunto do Electrão reconhece que a pressão que existe no sector, sobretudo no que diz respeito aos equipamentos eléctricos usados, o fluxo com mais crescimento a nível mundial, vai no sentido de garantir a recolha da maior quantidade de equipamentos possível quando a prioridade deveria ser dada à reutilização.   

A reutilização exige outros métodos de recolha e por isso mesmo o Electrão está a preparar um estudo que visa a introdução de um sistema de depósito em pequenos eléctricos. “Esta iniciativa vai permitir ter um circuito de recolha mais ligeiro optimizado e orientado para a qualidade no sentido de recuperar equipamentos com potencial de reutilização superior”, revela Ricardo Furtado. Para Ricardo Furtado também não faz sentido que um equipamento em segunda mão seja sujeito a IVA já isso representa uma dupla tributação. 

Para apostar na reutilização é preciso ultrapassar algumas barreiras no que diz respeito à reparação, nomeadamente a garantia das peças de substituição, o “saber fazer” e a informação sobre os produtos de forma a que seja possível dar garantias de qualidade. 

Elsa Agante, da DECO Proteste, lembra que é necessário que o equipamento seja comercializado no mercado regulado para que possa ser disponibilizada a garantia de dois anos, mesmo tratando-se de um equipamento recondicionado. O mesmo não acontece tratando-se de uma transacção entre particulares.  

A Entreajuda inspirou-se na lógica dos Bancos Alimentares para dinamizar um banco de bens doados e gere hoje um grande projecto  logístico de reutilização com a participação de várias entidades. Contam com doacções de empresas e particulares e com o trabalho de voluntários. Dispõem também de armazéns em vários locais do país. 

“Quando as pessoas têm uma varinha mágica avariada em casa o que querem é desenvencilhar-se desses equipamentos o mais rápido possível. Daqui a importância de existir um sítio disponível onde o possam colocar da forma mais simples possível”, realça a presidente da Entreajuda, Isabel Jonet. 

A reutilização possibilita ainda o acesso de alguns equipamentos a pessoas que de outra forma dificilmente teriam acesso a esses aparelhos. Muitos computadores doados por empresas através do banco de bens acabaram por ser distribuídos a crianças que não tinham possibilidade de assistir às aulas à distância durante a pandemia. “Este tipo de actividade pode potenciar também a integração de pessoas menos qualificadas ou com deficiência”, ilustra. 

As possibilidades de reutilização dos materiais são múltiplas. Ana Salcedo, da Replay, revela que o plástico recuperado manualmente dos brinquedos desmantelados no âmbito do projecto vai permitir em breve a criação de novos brinquedos que são uma reinterpretação de 10 jogos tradicionais. O metal dos brinquedos está a ser reaproveitado para o fabrico de jóias e a borracha de alguns artigos tem sido usada como matéria prima para equipamentos de yoga. “Usar um produto confeccionado a partir de materiais reutilizados devia ser um orgulho e não sinónimo de condicionamento económico”, sublinha Ana Salcedo. 

big changer Inês Costa, fundadora do Novonovo, uma plataforma que incentiva o uso de matéria prima secundária, admite que mercado ainda não confia totalmente nestes  materiais. Admite que é necessária uma regulação que controle vários aspectos, como os níveis de contaminação. 

Para a big changer Anna Masiello, que criou uma marca de impermeáveis a partir de guarda-chuvas abandonados no lixo, o produto confeccionado a partir de materiais reutilizados não tem necessariamente que parecer caseiro e pode apresentar elevado nível de qualidade. “É isso que fazemos na R-Coat. O exterior do casaco é feito de tecido de guarda-chuvas que evitámos que fossem parar a aterros. O interior, que todas as estações muda de cor, é confeccionado com sobras industriais que nos são doadas”, revela a influencer que tem desenvolve trabalho à volta do conceito desperdício zero.  

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